Halitose - Quem avisa, amigo é!
- zedasmil
- 30 de jul.
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Atualizado: 31 de jul.
O ser humano é um animal que possui uma característica que nenhum outro ser vivo possui: a vaidade. Cada um usa o cabelo do jeito que mais lhe agrada, as roupas que melhor lhe vestem, o perfume mais envolvente e por aí vai. Salve raríssimas exceções, as pessoas só saem às ruas após se aprovarem no espelho. Todavia existe um detalhe que não aparece ali refletido e dificilmente alguém percebe em si mesmo: o hálito.

Halitose é o que chamamos de mau hálito, o odor desagradável proveniente do ar que exala da boca quando fazemos a expiração do ar. Normalmente este odor pode variar de acordo com a idade da pessoa, com o período do dia e agrava-se consideravelmente quando a fome ou a sede aumenta. Segundo a Associação Brasileira de Halitose (ABHA), cerca de 1/3 da população brasileira sofre com este problema, que embora não seja uma doença, é um sinal de que algo esteja em desequilíbrio no organismo. Existe também o hálito matinal, que, apesar de ter um odor muito desagradável, não deve ser considerado halitose, pois 100% das pessoas acordam com este cheiro característico devido às alterações que acontecem na boca durante a noite de sono, como a diminuição da salivação que propicia um aumento quantitativo da flora bacteriana bucal. Após a primeira higienização do dia e o desjejum, este cheiro deve desaparecer.

A halitose pode ser causada por fatores bucais e não bucais. Dentre os fatores bucais, a causa mais frequente é a língua saburrosa, mas uma higienização oral precária, dentes cariados, restaurações e próteses mal adaptadas, gengivite, periodontite, infecções orais, substâncias plásticas usadas na confecção de próteses, cavidades retentoras de resíduos alimentares e xerostomia também contribuem bastante para o aparecimento do problema. Identificado o fator causador, basta eliminá-lo para solucionar o problema. Para evita-lo é preciso ter consciência de que as visitas a um bom dentista são de fundamental importância.

Já as causas extra-bucais mais frequentes são as doenças da orofaringe, bronco-pulmonares, digestivas, hepáticas, diabetes, nefrite, tabagismo, alcoolismo e, até mesmo, estresse e ansiedade. Nestes casos a halitose é um sinal de alguma doença e o tratamento com um especialista ajudará combatendo a causa.

Por ser um problema mais facilmente percebido por outras pessoas do que pelo próprio portador, a halitose, apesar de não ter grandes repercussões clínicas para o indivíduo, pode, na maioria das vezes, provocar sérios prejuízos psicossociais. Os mais comuns são o afastamento das pessoas com quem convive e a dificuldade de estabelecer relações amorosas ou o esfriamento do relacionamento com o parceiro. Com isso logo surgirão a insegurança para a aproximação de outras pessoas, resistência ao sorriso, ansiedade e baixo desempenho profissional quando se trabalha em equipe. Diante destes fatos, o que devemos fazer quando estamos diante de uma pessoa que possui mal hálito? Virar-lhe as costas ou alertá-lo?

Na minha opinião, quando se trata de uma pessoa com quem convivemos, é óbvio que devemos alertá-la. Este é um sinal de apreço por ela e a pessoa com o problema não ficará ofendida. Não pode haver espaço para constrangimentos quando, na verdade, o objetivo é ajudar.

O diagnóstico é facilmente feito baseando-se na história clínica e na constatação do mau cheiro característico. Hoje em dia já existem equipamentos, uma espécie de bafômetro, capazes de detectar e medir os gases responsáveis pelo mau hálito, sendo um valioso aliado na descoberta de suas possíveis causas a partir das características do cheiro. Num consultório odontológico a investigação inclui exame detalhado da boca em busca de sinais tais como cáries, acúmulos de tártaro, gengivites, periodontites, estomatite, restaurações e próteses imperfeitas, saburra lingual entre outros. Não encontrando nenhum fator bucal, o paciente deve ser encaminhado para um serviço médico, pois este estará mais capacitado para diagnosticar uma causa extra-bucal. As próprias características do cheiro podem sugerir suas possíveis causas.

A prevenção é o processo mais eficaz para o combate à halitose e acaba sendo a principal forma de tratamento. Beber bastante água e se alimentar em intervalos e quantidades menores ajudam a prevenir o problema. Alimentos como carnes gordurosas, frituras, cebola, alho, refrigerantes, bebidas alcoólicas e alguns alimentos industrializados favorecem o aparecimento do mau hálito. Portanto, uma alimentação saudável, bem balanceada e higienização bem feita ao acordar, após as refeições e antes de dormir reúnem os cuidados mais adequados para se prevenir da halitose. Sendo assim, beba cerca de dois litros de água por dia, alimente-se a cada 3 horas e capriche na higienização. Use fio dental, antissépticos bucais, raspadores de língua, um bom creme dental e uma escova macia.

Se você tem halitose, comece procurando seu dentista. Se a causa não for odontológica, ele te encaminhará ao serviço médico especializado. Ah! Não se ofenda se, por acaso, algum amigo lhe fizer este alerta! Encare como uma declaração de amizade, pois quem avisa, amigo é!
Dr. Luiz Carlos.

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