Periodontite x IAM - Uma relação silenciosa.
- zedasmil
- 1 de ago.
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A doença periodontal, também chamada periodontite ou vulgarmente piorreia, é a doença que acomete o conjunto de tecidos que sustentam os dentes nas arcadas. Conhecido como periodonto, ele é dividido em periodonto de proteção, mais externamente formado pela gengiva e a mucosa alveolar, e periodonto de sustentação, mais internamente composto pelo osso alveolar, ligamentos periodontais e o cemento radicular.

A periodontite começa de forma silenciosa e imperceptível. O primeiro sinal da doença é sangramento ao passar o fio dental ou escovar os dentes, o que caracteriza a gengivite, que é a inflamação da gengiva e o primeiro estágio da doença. Nesta fase o processo evolutivo da doença é facilmente tratado e revertido. Basta uma consulta com um dentista para uma terapia básica de profilaxia.

Todavia, nem todo paciente com gengivite desenvolverá a doença periodontal. Para que isso aconteça, é necessário que o biofilme contenha algumas bactérias específicas que são capazes de agredir o hospedeiro, provocando um processo inflamatório intenso que vai promover a destruição das estruturas de suporte dos dentes.

Fatores como susceptibilidade ou pré-disposição genética também fazem parte da evolução da doença, o que a faz complexa e multifatorial. Depois de instalada, o seu tratamento deixa de depender de procedimentos simples e, quanto mais avançada estiver, mais complexa se torna e pior é o seu prognóstico.

A periodontite, que começa de forma aparentemente inofensiva, esconde grandes riscos à saúde de uma forma geral e atualmente vem despertando a atenção dos profissionais da área de saúde. As evidências de relação com doenças sistêmicas crônico-inflamatórias, como gastrite, úlcera, artrite reumatóide, doença renal e osteoporose, entre outras, vêm se acumulando. Estudos epidemiológicos demonstram que quase 20% dos indivíduos com 40 anos apresentam periodontite e este acometimento tende a aumentar com a idade. Comparada com outras doenças, este número pode ser considerado muito alto. A conseqüência da evolução da periodontite é bem conhecida: perda total ou de grupos de dentes. Novidade mesmo é a associação com as doenças acima citadas e, mais recentemente, com infarto agudo do miocárdio (IAM).

Na década de 80, um estudo realizado na Finlândia avaliou a associação entre infarto agudo do miocárdio e saúde bucal. Os resultados demonstraram que os pacientes que haviam sofrido infarto, tinham pior saúde bucal. Outros trabalhos nos Estados Unidos reforçaram esta relação. É importante salientar que estes achados não diminuem a importância de outros fatores de risco clássicos tais como colesterol, idade, fumo, obesidade, hipertensão, estresse e outros, mas acrescenta um novo fator a ser considerado na avaliação de indivíduos com riscos para doenças cardiovasculares.

Este assunto ainda é relativamente novo, mas com o acúmulo de mais evidências, as clínicas médicas mais conceituadas começaram a perceber a importância de uma cavidade bucal saudável para a manutenção da saúde geral e passaram a incluir o exame odontológico em seus exames periódicos de rotina.
As doenças cardiovasculares afetam milhões de pessoas e constituem uma das principais causa de morte no mundo inteiro. Se existem evidências de que há uma correlação significativa entre periodontite e doenças cardíacas, melhor mesmo é a prevenção. Lembre-se que a doença periodontal muitas vezes surge e evolui de forma imperceptível. Por isso, visite o seu dentista regularmente para se prevenir e converse com o seu cardiologista. Ele poderá lhe explicar algo mais sobre o assunto.
Dr. Luiz Carlos.

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